A palavra “família” no dicionário descreve um “grupo de pessoas que compartilham ou já compartilharam a mesma casa, geralmente com laços de parentesco, ancestralidade ou afeto”. Nos animes, não é difícil encontrar histórias que exploram essas conexões, onde as relações vão além da amizade e se transformam em algo mais forte, como uma verdadeira “família”. Um exemplo clássico disso é Fairy Tail, o mangá de Hiro Mashima, que já vendeu impressionantes 72 milhões de cópias e é um grande exemplo de como esses laços podem ser tão poderosos.
Fairy Tail 2 chega aos videogames para continuar explorando a ideia de laços familiares, trazendo uma experiência ainda mais profunda. Este jogo é a sequência de Fairy Tail (2020), lançado para PS4, e chega com várias melhorias nas mecânicas de jogo. Ele foca na épica saga final do mangá, onde os personagens enfrentam a batalha decisiva contra o Império Alvarez.
Em Fairy Tail 2, a frase que resume bem o jogo é: “são os amigos que fazemos pelo caminho”. Isso faz todo sentido, já que Hiro Mashima, o criador da obra, revelou em entrevistas que escreveu o mangá porque se sentia solitário durante o ensino médio. Ou seja, tudo o que vemos na história reflete o desejo do autor de criar laços e amizades com os personagens.
No que diz respeito ao jogo, é importante saber que ele não cobre toda a história de Fairy Tail. Na verdade, ele se concentra apenas no arco “Império Alvarez”, que encerra o mangá original. Ou seja, o mangá posterior, Fairy Tail: 100 Years Quest, não está presente no jogo.
Isso significa que, para quem não é fã de Fairy Tail, pode ser difícil entender toda a trama e os personagens. Durante a campanha, o jogo não explora as origens da guilda, dos heróis ou suas motivações de forma clara. Mesmo com alguns flashbacks tentando explicar um pouco sobre o passado de Natsu, Lucy e cia., quem não conhece a obra ficará perdido em muitos detalhes importantes.
Enquanto o primeiro jogo de Fairy Tail abordou arcos como a “Ilha Tenrou“, os “Grandes Jogos Mágicos“, “Tartaros” e “Avatar“, Fairy Tail 2 começa após esses eventos. Agora, o continente de Alvarez invade Magnolia e ataca a guilda da Fairy Tail. O grande vilão por trás disso é o Imperador Spriggan, mais conhecido como Zeref, que deseja tomar para si a magia ancestral “Fairy Heart“, com o objetivo de se tornar o ser mais poderoso do mundo e derrotar o terrível dragão Acnologia.
Mas o que é a “Fairy Heart”? Trata-se do corpo da falecida Mavis Vermillion, a primeira mestre da Fairy Tail. Natsu, Lucy e os outros membros da guilda precisam protegê-la a todo custo, pois se Zeref e seus 12 generais, conhecidos como os “Spriggan 12”, conseguirem capturá-la, as consequências seriam catastróficas.
Se você já acompanhou o mangá ou o anime, sabe bem como a história se desenrola. O “poder da amizade” e o “protagonismo” estão sempre ao lado dos heróis, e isso acaba sendo uma fórmula repetida nas batalhas. Basicamente, o vilão ataca um amigo do protagonista, o herói fica furioso, tira uma força extraordinária do nada (literalmente), e no final, derrota o inimigo.
Evolução no estilo de gameplay
No gameplay de Fairy Tail 2, os jogadores podem escolher entre dez personagens da guilda, como Natsu, Lucy, Gray, Erza, Wendy, Mirajane, Juvia, Gajeel, Laxus e Gildarts, enquanto exploram um mapa e cumprem diversos objetivos. Durante a exploração, eles encontram monstros para enfrentar em batalhas, que ajudam a aumentar o nível dos personagens.
As batalhas podem envolver até três membros da sua equipe contra inimigos, que podem ser de diferentes quantidades. Cada personagem tem ataques exclusivos que seguem de perto os poderes vistos no mangá e no anime, e é aí que a diversão realmente começa.
No combate, o jogador controla um dos três personagens da equipe — podendo alternar entre eles a qualquer momento e até substituir por outros membros que estão no banco de reservas. O controle é simples: o botão quadrado é usado para ataques básicos, que geram pontos de SP. Com esses pontos, você pode liberar ataques mais poderosos, como o Punho do Dragão de Fogo do Natsu ou o Ice Make Lance do Gray, utilizando os botões X, triângulo ou círculo, dependendo da habilidade escolhida.
É importante destacar que, ao usar as mesmas habilidades repetidamente durante as batalhas, o custo em SP dessas habilidades aumenta, tornando-as mais caras até o próximo “turno”. Após finalizar seu combo, o personagem entra em um tempo de recarga, o que dá uma brecha para o inimigo se preparar e atacar de volta.
Além disso, o jogo permite que o jogador se defenda para reduzir o dano recebido. Ao pressionar L1, o personagem levanta a guarda e sofre menos com os golpes do inimigo.
E o que acontece com os outros dois magos da sua equipe? Bom, as ações deles são controladas pela IA, mas, infelizmente, ela não é das melhores. A CPU raramente se defende e acaba sendo facilmente derrotada por inimigos mais poderosos. Por isso, o jogador vai precisar ficar atento e usar habilidades ou itens regenerativos para compensar essa falha. A inteligência artificial poderia ser um pouco mais eficiente nesse sentido.
Há também um momento em que você usa seus aliados de forma indireta: quando o inimigo tem sua barra de “Stagger” reduzida, ficando atordoado. É nesse momento que entra o “Link Attack“, uma habilidade do seu companheiro, que ainda dá um buff temporário ao personagem ativo. Se você conseguir zerar totalmente a barra de “Stagger“, pode ativar a poderosa “Unison Raid”, uma magia especial feita em conjunto com um dos seus amigos.
vale a pena?
Fairy Tail 2 é um jogo bacana. Como JRPG, ele cumpre o que promete, sendo divertido, carismático e oferecendo uma experiência que vai agradar bastante aos fãs da série.
Porém, não espere que o título vá te deixar alucinado de empolgação. Ele tem alguns problemas técnicos e pode não ser tão envolvente para quem não está familiarizado com a obra de Hiro Mashima. Outro ponto negativo é a falta de tradução para o português, o que dificulta a compreensão da história, especialmente se você não manja de inglês.
